5.2.24

Eleições em Taiwan: os resultados globais e a sua omissão e manipulação


Uma maioria de votos e de deputados contra o separatismo

O candidato separatista ganhou as eleições presidenciais com 40% dos votos, mas os dois candidatos derrotados, que são favoráveis à aproximação com a República Popular da China, receberam 60% dos votos.

A perda continuada do apoio popular ao partido do novo presidente foi confirmada pela votação que decorreu em paralelo para a Assembleia Legislativa: o partido perdeu 10 deputados e a maioria parlamentar. O Partido Kuomintang ganhou mais 14 deputados e o Partido Popular, muito crítico da política neoliberal do governo_ crise de habitação e desemprego, e que representa o outro candidato, ganhou mais 3 assentos.

O presidente eleito pelo Partido Democrático Progressista_ PDD, recebeu apenas 5,5 milhões de votos, num universo eleitoral de mais de 19 milhões, com a abstenção a rondar os 40%. Os dois candidatos favoráveis a maior aproximação da China, obtiveram 8,3 milhões de votos.

Estes resultados estão em linha com as últimas eleições para os governos locais, que incluem seis municípios especiais, 13 condados (distritos) e três municípios autónomos. Nelas, o partido do presidente, que governava  12  desses municípios e distritos, ficou reduzido  a apenas 5 e o Kuomintang conquistou 13 dos seus governos, onde reside mais de 70% da população.

Governar pelo diálogo,  um imperativo eleitoral e constitucional

A Constituição de Taiwan é presidencialista, o presidente nomeia o governo sem passar pela aprovação da Assembleia Legislativa. Mas não poderá governar contra a sua maioria de deputados, que pertencem à oposição e onde se expressa a vontade política maioritária dos chineses de Taiwan. . A nomeação presidencial dos membros do denominado Yuan (Conselho) de Controle e do Yuan de Exame, bem como dos juízes do Yuan Judicial, tem de ser confirmada pela Assembleia Legislativa. Esses Conselhos ou Yuans fiscalizam e controlam a atividade legislativa do governo, o orçamento, o funcionamento dos seus ministérios e agências, o sistema judicial. Os deputados legisladores elegem autonomamente o presidente da sua Assembleia.

As declarações do novo presidente, selecionadas pelas agências de informação internacionais, não têm em conta a realidade global dos resultados eleitorais. Os chineses de Taiwan não votaram maioritariamente contra a República Popular da China, nem a favor da militarização e do separatismo.

O voto maioritário  dos eleitores de Taiwan nos partidos da oposição  e a abstenção penalizam a política do governo. Apesar do relativo crescimento económico e do elevado nível de educação e formação dos quadros e trabalhadores, não existe uma política de justiça  social  e distribuição da riqueza: o custo da habitação está a tornar-se inacessível, o desemprego cresce e a precaridade também; a gestão da pandemia revelou graves insuficiências no sistema de saúde; os serviços públicos, como os transportes, não correspondem às necessidades da população e os escândalos políticos pioraram a imagem do governo…O resultado das eleições locais (2022), já tinha revelado que o clamor de protesto popular estava a crescer.

Neste contexto político e social, a deriva militarista e separatista, que incluiu no orçamento de 2023 um valor astronómico de 19.000 milhões de dólares, para a compra de armamento e a multiplicação de incidentes diplomáticos com a República Popular da China, como a visita de políticos americanos que se deslocaram à ilha para fazer discursos hostis e ganhar popularidade entre o eleitorado conservador dos EUA, resultou, afinal, na diminuição progressiva  do apoio popular ao PDR.

Os chineses de Taiwan defendem a cooperação e o diálogo com a RPCh

Evoquemos a história recente: A administração Biden e o Senado dos EUA aprovaram a Lei da Política para Taiwan de 2022, que autoriza a transferências de armas, através do programa Foreign Military Sales (FMS), no valor de  US$ 6,5 milhares de milhões até o ano fiscal de 2027. Na agenda de escalada das vendas estão sistemas de armas de longo alcance,  capazes de atacar o continente chinês, como os Sistemas de Mísseis Táticos do Exército e a Resposta Expandida de Mísseis de Ataque Terrestre Standoff, incluídos no FMS durante a administração Trump, ao preço de US$ 18.000 milhões.

Neste quadro internacional, e apesar da intensificação da retórica militarista do governo dos EUA, o último inquérito de opinião publicado pelo próprio governo de Taiwan, "Opiniões públicas sobre as atuais relações através do Estreito" (2022/10/19~2022/10/23), sobre o tema “Independência ou status quo”, teve apenas 14% de respostas a  favor da independência. Noutro inquérito governamental, realizado nesse mesmo ano, apenas 44% dos inqueridos  afirmou acreditar que os EUA defenderiam Taiwan, um claro declínio em relação aos  65%  referenciados em outubro de 2021.

Os chineses de Taiwan viveram, desde 1895, 50 anos sob ocupação japonesa. O governo da Frente Única Patriótica que derrotou e fez capitular o Japão,  devolveu à mãe-pátria a soberania sobre esta região. Mas, com a passagem da fação militarista do Kuomintang para a fase da guerra civil, visando a conquista total do poder na Nova China e a sua derrota e refúgio na ilha, as classes populares foram sujeitas a uma implacável ditadura militar e dinástica, protegida pela presença da esquadra americana em Taipé, que durou deste 1947 até ao ano de 1996, data das primeiras eleições presidenciais.

Para a democratização de Taiwan contribuiu decisivamente o restabelecimento das relações diplomáticas entre os EUA e a China, tendo como base o princípio “One China”, consagrado pelas Nações Unidas e a comunidade internacional. O princípio de Uma Única China é o núcleo essencial dos três comunicados conjuntos China-EUA e a premissa e fundamento para o estabelecimento e desenvolvimento das relações diplomáticas entre a China e os EUA. Em 1979, os Estados Unidos assumiram um claro compromisso no Comunicado Conjunto sobre o Estabelecimento das Relações Diplomáticas China-EUA de que, “os Estados Unidos da América reconhecem que o Governo da República Popular da China é o único governo legítimo da China. Neste contexto, o povo dos EUA manterá as relações culturais, comerciais e outras relações não oficiais com o povo de Taiwan”.

A Associação de Nações do Sudeste Asiático há muito que abandonou a política da guerra fria, sob o impulso da China e os seus tratados, asseguram a liberdade e segurança de navegação e sobrevoo, a resolução pacífica dos conflitos, a cooperação científica, ambiental e económica, recentemente ampliada com o Comprehensive Economic Partnership (RCEP).

Não há outro caminho, para o futuro comum e pacífico da China e da humanidade.

 

Lisboa, 14.01.2024

 

António dos Santos Queirós. Professor e Investigador. Universidade de Lisboa

 

 

 


26.11.23

A natureza política da guerra contra a Palestina

 

Esta definição, será correta e justa, à luz das Ciências Políticas e das  Ciências Militares?

Para entendermos a natureza política desta nova guerra, a pergunta chave parece ser a de questionar o objetivo do Hamas ao desencadear os ataques de 7 de setembro?! Mas a resposta exige que se faça primeiro outra pergunta, qual é a posição do governo israelita face à questão da Palestina, antes do ataque do Hamas, na invasão e face ao pós guerra: é o da expulsão dos palestinianos para o Egito e para a Jordânia, recorrendo à guerra económica e à guerra militar, de baixa ou alta necessidade. E assim impor o estado único e religioso judeu, que está inscrito na Constituição de Israel e a ideologia sionista prega há mais de um século. Vejamos os factos históricos mais recentes.

26.10.23

A que Deus rezam, os embaixadores do governo de Israel?



As crianças vitimadas em Gaza são uma “mancha na nossa consciência”: UNICEF.  Relatando que 2.360 crianças foram mortas em menos de três semanas, a UNICEF apelou a um cessar-fogo imediato e ao acesso sustentado e desimpedido à assistência humanitária. Outras 5.364 crianças em Gaza ficaram feridas nos “ataques implacáveis”, acrescentou a UNICEF. Mais de 400 crianças são mortas ou feridas diariamente no enclave palestiniano sitiado, concluiu. A Cisjordânia também registou um “aumento alarmante de vítimas”. Vinte e oito crianças morreram e pelo menos 160 sofreram ferimentos.

15.10.23

“Viva, la muerte!”

 


O Ministério da Saúde de Gaza diz que os hospitais já não têm camas disponíveis. É o dia 13 de outubro, na Palestina ocupada. O ministro da defesa de Israel decretou o corte da água, da luz e dos abastecimentos para 2,1 milhões de palestinianos aprisionados no que resta do seu território

Diariamente atualizo a colheita da velha ceifeira: Mais de 12.000 civis feridos (atualizado) e de 4.300 mortos (atualizado) entre os quais, 1.500 (atualizado) crianças assassinadas. Mais de 70 mortos na Cisjordânia ( West Bank). Só nas últimas 24 h, mais de 340 pessoas foram mortas pelos bombardeamentos israelitas, entre os quais 127 crianças.

17.9.23

O voto piedoso do Presidente da República de Portugal, num mar de sangue


Contraofensiva. Carros de Combate Leopard e blindados americanos destruídos.
Petrovsky é um dos bairros de Donetsk mais próximos da linha da frente. Não há um único dia em que não haja um bombardeamento ucraniano sobre esta zona da cidade.Crónica de BRUNO AMARAL DE CARVALHO13/SET./22 -

"... a maneira como a América 'administra' a Eurásia é crítica. A potência que dominar a 'Eurásia' controlaria duas das três regiões mais avançadas e economicamente produtivas do mundo. Um simples olhar no mapa também sugere que o controle sobre a 'Eurásia' implicará automaticamente a subordinação de África, tornando o Hemisfério Ocidental e a Oceânia geopoliticamente periféricos em relação ao continente central do mundo. Cerca de 75 por cento da população mundial vive na “Eurásia”, e a maior parte da riqueza física do mundo também está lá, tanto nas suas empresas como debaixo de seu solo. A 'Eurásia' é responsável por cerca de três quartos dos recursos energéticos conhecidos do mundo." (Zbigniew Brzezinski, “O grande tabuleiro de xadrez: a hegemonia americana e os seus imperativos geoestratégicos”, 1997)

…/…Uma Ucrânia em guerra prolongada, com a maior parte dos seus partidos ilegalizados, sem independência nos tribunais nem pluralismo na comunicação social, fica nas mãos de uma nova elite de senhores da guerra de tendências chauvinistas e de extrema-direita e perde a autonomia de governo, em favor dos estados que impuseram a hegemonia ocidental. Enquanto favorece, na Federação Russa, a ascensão do militarismo e do revisionismo imperial, que proclama a guerra total pela sobrevivência da nação russa, hoje dispersa e ameaçada nos países da ex URSS.

…/…Também na Rússia existem forças extremistas, que não visam uma solução política para a guerra e que representam uma tendência política com crescente influência, dentro e fora do partido de Putin.

.../...O número de militares ucranianos que perderam a vida, citado (15.03.2023, X) pelo antigo assessor do governo dos EUA Douglas Macgregor atinge um tal valor catastrófico, que, se for rigoroso, e divulgado, levantará uma onda de comoção mundial exigindo o cessar-fogo imediato: 400.000 mortos!"

2.9.23

A guerra na Ucrânia e as minorias nacionais. O cessar-fogo, condição essencial da negociação da paz



     Foto das negociações de paz de Fevereiro de 2014,
     inicialmente bem-sucedidas e logo denegadas
Foto que ilustra a notícia: Donetz.
O Governo ucraniano afirma ter recuperado o controlo da cidade de Avdiivka.... Durante a tentativa de tomar a cidade, vários prédios civis acabaram destruídos pelos ataques das forças do Governo (TVI, 30.07.2014).

A Ucrânia é um país multinacional, esconder esse facto leva a que a visão da guerra seja deturpada. Este artigo, vem chamar a atenção para a importância das minorias nacionais, no quadro da guerra civil e da invasão russa.
Por outro lado, os ucranianos são a terceira etnia mais numerosa da Rússia, com três milhões de pessoas.

19.8.23

Dos mercenários, face à democracia


A substituição das Forças Armadas, da sua ética e da sua função social e moral, apoiada nas convenções internacionais, por empresas mercenárias e por grupos armados ligados aos serviços secretos que cumprem missões de terrorismo de estado, é um fenómeno da nossa era, que alastra como uma mancha de óleo sobre as bandeiras dos exércitos nacionais e as campas dos seus mártires.

23.5.23

O Leal Conselheiro ...

 


e a enssynança de bem cavalgar em toda a sela do poder

(Data: Indeterminada)

País: Da Jangada de Pedra

Autor: Incógnito.  “C.”

O manuscrito é um tratado sobre ética e moral destinado a ser lido por membros da corte. Acredita-se que o autor o compilou, da sua longa carreira política.

5.5.23

Sobre a inutilidade da guerra:

 


A Leste, nada de novo!” Apenas mais morte e destruição, até ao apocalipse?

O romance que relata as últimas ofensivas da I Guerra Mundial e este título evoca, em que o comando alemão envia os seus regimentos para uma última batalha, já com a guerra perdida e o armistício a ser negociado pelos social-democratas alemães, deve estar presente no pensamento do general Mark Alexander Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, quando observou que a recusa inicial em negociar na Primeira Guerra Mundial agravou o sofrimento humano e levou a milhões de baixas. "Então, quando houver uma oportunidade de negociar, quando a paz puder ser alcançada... aproveitem o momento", disse Milley, no Economic Club of New York.

28.4.23

Três presidentes pelo armistício na Ucrânia, com a Coreia e Helsínquia, no horizonte




O anúncio de hoje (27 de abril) das conversações diretas entre o Presidente Zelensky e o Presidente Xi, constitui prova direta de que a notícia fabricada sobre as afirmações do embaixador da China em França, não passava de uma falácia. De facto, o canal diplomático entre a China e a Ucrânia, esteve sempre aberto e, nos momentos cruciais, como quando as Nações Unidas discutiram a anexação pela Rússia das Repúblicas dissidentes, o embaixador ucraniano recebeu, através do seu homólogo chinês, uma mensagem do próprio presidente Xi reafirmando a posição de princípio da China de defesa da integridade e soberania da Ucrânia, conforme a Carta das Nações Unidas.

25.1.23

Chang-e, goddess of the moon and the Jade Rabbit, her companion

 

Long, long ago, when the sunbirds scorched the world with their shallow flights, the Celestial Emperor enlisted the great archer Hòu Yì's 羿.  Hou Yi eliminated nine of the ten sunbirds—sparing only one, so that on Earth there was no darkness, no cold. As a reward, he received the elixir of immortality, enough to share it with his wife, Cháng'é 嫦娥.  But the woman was a beset of immortality and took all the potion at once: she found herself suddenly flying to the Moon, not being able to return, where she still lives today in a palace made of ice and lost her companion forever.

23.10.22

Um novo colosso dos mares

 

“…mesmo à luz de dois séculos de ingerência e intervenção militar noutros países, esta opção representa um esforço financeiro do estado americano, que não só é excessivo, mas, provavelmente insustentável. E revela um contexto político que evidencia a captura do estado e dos seus orçamentos, pelo complexo militar-industrial dos EUA, que se vai fundindo com o setor financeiro dos fundos abutre e bancos gigantes, imbricados com a especulação imobiliária (como a última crise financeira do subprime revelou), integrando também o setor dos combustíveis fósseis/nucleares, que quer prevalecer e eternizar-se, negando a gravidade da crise ambiental.”

11.5.22

Se queres a paz, prepara a paz! Com a guerra nuclear no horizonte

Nota prévia: Este artigo esteve duas semanas confinado na Redação do jornal Público, a quem foi solicitada a sua publicação. Desta vez, a resposta negativa foi formulada nos seguintes termos: "Agradecemos o texto mas não temos interesse editorial na sua publicação." Então, a quem possa interessar, segue o texto, com dois anexos atualizadores.

12

1 "Bombeiros, mineiros, operários e cientistas...700.000 ucranianos, russos, bielorussos...vindos de todas as nações da URSS,  para enfrentar a tragédia de Chernobyl, a vida  em risco para salvar os seus povos e a humanidade (1986)"
"
2 Stalinegrado/Volvogrado, onde os soldados ucranianos e russos, de todas as nações soviéticas, deram as suas vidas em combate para derrotar o nazifascismo e virar o curso da II Guerra (1943)."

Se queres a paz, prepara a paz! Escreveu ( o Major) Mário Tomé, “capitão” de abril, que à guerra foi.

Mas é outro o grito que varre o ocidente e o leste: Si vis pacem, para bellum! Assim proclamam os impérios, desde há mais de dois mil anos.

28.4.22

Construir um pensamento crítico sobre a guerra e desescalar a alienação

 

Aqui encontrarão o testemunho do pensamento que luta contra a alienação, o seu questionar desordenado, a descoberta, a dúvida que se interroga, a ideia que volta a ser analisada, criticada, para que o pensamento crítico sobreviva ao pensamento único, pensamento único sem o qual os senhores da guerra serão incapazes de conduzir os povos para a matança e serão vencidos.

Há 3 guerras em curso e escamotear a guerra civil e o confronto geoestratégico, escamotear que a escalada de sanções e de rearmamento, sem qualquer solução política de paz imediata e justa, ou melhor, com o objetivo de levar o estado russo à falência, como afirmou a presidente da UE, é trazer a recessão e a guerra total para o horizonte

A política imperialista e anticomunista do partido de Putin, representa uma das formas atuais do capitalismo, o capitalismo oligárquico, que emergiu da queda dos regimes de leste.

11.4.22

Em nome da paz e da solidariedade, prosperam os negócios da guerra

 

Jornal de Wall Street. Forças ucranianas retomam aeroporto de Donetsk, matando dezenas. Jatos, helicópteros e para-quedistas usados para recuperar o controle. Publicado: 27 de maio de 2014 (Título original )

Ajuda militar ou negócio?

A resposta a esta pergunta foi-me dada pelo Conselho da União Europeia (UE), que aprovou dia 23 de março, ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, o financiamento de mil milhões de euros às “capacidades e resiliência das forças armadas ucranianas”. (é notável o nome escolhido para o mecanismo)

4.3.22

Parar a Guerra. Desescalar....com Palavras de Luto


Desescalar é, em troca do cessar-fogo imediato e das conversações que conduzam ao fim da guerra, e a mútuas cedências para uma paz justa, suspender as sanções  e a militarização. A crise sobre a instalação dos mísseis, entre a URSS e os EUA, que colocou o mundo à beira da guerra nuclear, resolveu-se com a sua retirada de Cuba e da Turquia e Itália.

27.2.22

Quem pode deter Putin? O povo russo

 


Quem responde  ao apelo do povo ucraniano pela fim imediato da guerra e a construção da paz?

Apenas o povo russo, que desceu à rua em 53 cidades, contra a guerra e já sofreu a repressão policial.

Cada um dos beligerantes e os seus aliados, deve tomar a iniciativa de cumprir o seu dever para com a paz e a segurança dos seus povos

É dever dos partidos de oposição do Parlamento russo resistir à chantagem do partido de Putin,  exigir que a guerra pare, e que o povo russo possa livremente manifestar-se pelo fim da guerra, que o governo de Putin mande parar e retire as suas forças e as confine no perímetro das Repúblicas de Donbass que juraram defender.

A iniciativa de fornecer/vender mais armas aos beligerantes, não altera a trágica realidade que os ucranianos foram conduzidos a esta situação por aliados poderosos que não mediram corretamente o perigo de conflito com a Rússia e  servirá apenas que mais ucranianos e russos se façam matar. O resultado é de duvidoso valor moral e militar: “lutem e morram sozinhos, com as armas que vos vendemos/entregamos”.

A NATO deve anunciar que aceita resolver através da negociação o diferendo sobre a sua expansão a leste.

A impotência e os riscos das sanções.

Se todas as partes reconhecerem  a sua quota de responsabilidade, os governos da Ucrânia e da Rússia poderão sentar-se à mesa negocial, com base num cessar-fogo imediato, sem outras condições, sob a égide da ONU.

22.2.22

Os farsantes e a memória perdida de Chernobyl


1919-1991

Perdida a memória histórica da independência alcançada com a fundação da URSS, a Ucrânia e a Rússia, perderam também a memória política de Chernobyl?

Na Ucrânia estamos perante dois problemas distintos, embora correlacionados: a situação da população russa que habita historicamente  as províncias de Lugansk e Donetsk e a península da Crimeia, e a expansão da NATO para Leste.

7.2.22

10 ideias para a reflexão sobre o significado político e social das eleições para a Assembleia da República de 2022

 


…Não compreender onde está o perigo principal, é hoje o risco maior dos partidos de esquerda em Portugal, mas também dos partidos da direita democrática. A maioria de esquerda expressa em votos, continuou a prevalecer, ao contrário das contas erradas que a própria TV pública propaga, mas perdeu metade da vantagem sobre os votos na direita; depois de dois anos de governação do PS, essa maioria baixou para cerca de 600.000 eleitores votantes. Saliente-se que foram os novos partidos da direita radical e da extrema-direita a colher os benefícios, em votos e deputados. E que esse processo pode acelerar rapidamente…

... Numa situação internacional em que assistimos, nos EUA, à destruição interna da sua democracia liberal e ao intensificar, pelos governos republicano e democrático, de uma política global de confronto e boicote económico, de condicionamento da  economia da UE e  de interferência direta na vida política das suas nações soberanas; de intervenção militar onde os interesses americanos não prevalecem…

... Porque é que os partidos democráticos de Portugal e a União Europeia,  liberal e conservadora, mas também social-democrata, os seus governos, alinham com essas políticas que empurram o mundo para a guerra económica e para o risco de conflitos militares generalizados, sem tomar qualquer iniciativa de crítica às ações políticas erradas…?

27.1.22

“A mão invisível” ( camuflada) de um mercado que já não é livre, nem democrático, nem regulador (4)

 

O balanço do programa neoliberal da Troika

Se deixarmos as responsabilidades políticas em aberto e analisarmos os resultados político sociais objetivos, seguindo os próprios critérios da doutrina económica do neoliberalismo, o balanço da Troika foi de completo fracasso:

26.1.22

O crepúsculo do capital nacional (3)

 

Para onde vai a riqueza nacional? Para o estrangeiro, para a finança europeia e mundial, os governos da República, os empresários e as famílias, não são os gastadores irresponsáveis com que a propaganda da direita europeia, ao leme da UE, procura mistificar a sua política servil e neocolonial e que os partidos da sua família política ampliaram em Portugal, sob a consigna de ir mais longe que a Troika!

12.1.22

A Jangada de Pedra e o Velho do Restelo

 


A Jangada de Pedra e o Velho do Restelo

Título do Romance de Saramago, A Jangada de Pedra, é a Península Ibérica que se desprendeu da Europa

Fala do Velho do Restelo, face à armada, quando parte para as Índias

Canto IV, dos Lusíadas

Ó glória de mandar, ó vã cobiça

desta vaidade a quem chamamos Fama!

.../...

Deixas criar às portas o inimigo,

por ires buscar outro de tão longe,

por quem se despovoe o Reino antigo, (Portugal)

se enfraqueça e se vá deitando a longe; (deitando a perder)

buscas o incerto e incógnito perigo

por que a Fama te exalte e te lisonje

chamando-te senhor, com larga cópia…

Do debate eleitoral têm estado ausentes a política da UE e internacional, como se vivêssemos longe da sua influência, na jangada de pedra de Saramago e também, a regionalização, com se o futuro dos 70% dos portugueses que vivem no Litoral e nas suas duas grandes áreas metropolitanas, em  nada dependesse da sobrevivência do modo de vida rural, do destino comum desses outros 30% concidadãos, e a sua agonia fosse da responsabilidade política das autarquias locais e não da Assembleia da República e dos governos, que só dela emanam.

11.1.22

O caso de Tancos e o slogan do desprestígio das FA

O texto anexo, escrito em 10/06/202, integrando o artigo com o título O Pilar Invisível, não perdeu atualidade e deve ser confrontado com a sentença do caso de Tancos

6.1.22

A líder do BE e o anticomunismo


A líder do BE, no debate televisivo com o líder do PSD, decidiu fazer uma declaração de anticomunismo escolhendo como alvo o Partido Comunista da China.

16.11.21

De costas para o abismo

 


Existem de facto, uma crise ambiental em agravamento e uma pandemia que continuará a dar a volta ao mundo, enquanto as nações mais pobres não tiverem direito às vacinas e aos cuidados básicos de saúde, mas não há crise política em Portugal, apenas o desfazer de uma aliança política, que não era uma geringonça, seguida de eleições. 
Como é prática das democracias liberais, que, afinal, tão mal conhecemos, e, pior ainda, conhecemos as democracias socialistas e as causas profundas da nossa crise civilizacional. 
(Observando a figura, a nossa perspetiva sobre as responsabilidades de cada país na crise climática muda e mudaria ainda mais se soubéssemos que os gazes com efeito estufa se acumulam na atmosfera desde há 150 anos, pelo que a responsabilidade histórica e atual pela crise pertence, em primeiro lugar aos EUA, depois aos países ricos da União Europeia e, muito menos, a países como a China e a Índia,  empobrecida por velhos e novos domínios coloniais).

19.9.21

Autárquicas: A síndrome da avestruz

 O abandono do Mundo Rural e da Regionalização

“O debate político está reduzido, na notícia e no comentário, à funalização das eleições. Como se não houvesse programas eleitorais e estes não expressassem os interesses de classes e grupos sociais.

A fulanização do debate político e das eleições, é uma das formas modernas de alienação política.”

21.8.21

Escrevo. pelas vítimas da guerra no Afeganistão e contra a omissão e mistificação da sua História

…As vítimas da omissão e mistificação da História jazem nos campos de batalha do Afeganistão, lado a lado, mortos que deviam estar vivos. Pereceram em vão? Sim, se não aprendermos do seu sacrifício supremo a complexa natureza da guerra moderna…

22.5.21

Leitura crítica das Moções à Convenção do BE/2021

O texto anexo foi enviado ao jornal digital Esquerda.net em 24.03.2021, onde o seu autor publicou esporadicamente 4 ou 5 artigos, com o pedido de publicação, reiterado por duas vezes, sem que tenha obtido resposta ao porquê dessa recusa. Aqui o apresento, no original.


Aos ativistas do BE e a todos os que não desejam a sua falência política

“Pode alguém, ser quem, não é?” 

Leitura crítica das Moções à Convenção/2021, por um não inscrito no partido